quinta-feira, 23 de abril de 2009

Minha cabeça fundiu devido ao esforço excessivo...

Sentou na beirada da calçada: os cabelos desgrenhados e armados, o rosto sujo e oleoso. Passou a mão retirando o suor da testa e ajeitando o chapéu. As calças camufladas tinham um talho na região da virilha, mas ela não se importava. Na verdade ninguém se importava ou mesmo notava sua existência banal. A regata preta estava puída, mas ela também não se importava. Pensou que talvez fosse hora de renovar seu desodorante, mas ela o tinha esquecido. “Ah quem iria se importar... eu não passo de um fantasma mesmo!” Um vira-lata branco com algumas manchas tigradas pelo corpo se aproximou chacoalhando a cauda felpuda sentou ao seu lado com uma expressão etérea, uma das orelhas corroídas pela sarna.
- Não valeu a pena?- perguntou não deixando de sacudir o rabo.
- Ser o que eu sou, fazer o que eu faço, e pensar em absurdos?- ergueu uma sobrancelha - Acho que não.-
- Sempre vale a pena...por mais que você não acredite ou mesmo não enxergue!!!-
- Sério?-
- Sério.- confirmou baixando sua cabeça peluda e mal cheirosa. Ganhou um carinho na cabeça erguendo-a cada vez mais em direção àquela mão preta e encascurrada.
- Você é sabia!-
- Sabedoria é a arte do vazio, do impossível e do improvável...limitando com inteligência e se aproximando de uma função quase linear onde: sabedoria ( é diretamente proporcional) a tempo de vida.-
- Complexo!!!-
- Complexo mais necessário!-
- Eu nunca imaginaria que você fosse capaz de tal coisa...-
- Humanos adultos têm a imaginação limitada. Além do que...-
Antes de terminar a frase ergueu as orelhas e saiu correndo em disparada atrás de um carro tentando abocanhar sem êxito seus pneus. Morreu logo em seguida atropelada por uma motocicleta que vinha no sentido oposto. Ela continuo sentada na calçada e limitou-se a colocar a cabeça entre as mãos, agora estava sem companhia...
Pintura de Aksel Waldemar Johannessen:
The Vagabond and the Dog(1920)Oil on canvas, 186 x 135 cm.
The dog heralds the death of the tramp.

segunda-feira, 20 de abril de 2009


E os gênios nasceram para ser gênios, enquanto as pessoas normais, meros mortais, nasceram para serem normais. E assim as coisas continuam seu curso, lentamente e de forma gradual, como diria Charles Dawkins, extremo defensor do surgimento da mudança sem maiores estrondos ou perturbações.
Mas então como se explica o surgimento de grandes (como poderiam ser chamados?) CABEÇÕES?
Na minha humilde opinião creio que sejam saltos bombásticos, resultando em mudanças que são pontuais e não se estabelecem ou mesmo, não são passadas adiante; algo como um equilíbrio pontuado modificado (uma homenagem a Stephen Jay Gould a quem sempre admirei). Mas uma coisa é certa: ouvir o Goloboff falando sobre pesagem implícita e constante de concavidade é algo. Parece que o artigo de 1993 publicado na Cladistic tomou vida própria e começou a se auto-explicar em castelhano. Belo devaneio de uma mente sádica e ilusória como a minha...
Mas voltando aos gênios: à capacidade e rapidez de raciocínio é algo que me assusta e faça com que eu regresse à minha insignificância. Deixemos os gênios quietos em seus lugares, eu como humilde mortal continuo me esforçando e tendo dificuldades para atingir resultados medianos...
Legal é escrever coisas aleatórias, randômicas, al azar no meio de um curso de cladística. Isso é inenarrável...e eu não estar entendendo nada é mais inenarrável ainda...
Essa sou eu...
(Retirado da agenda particular levada para Esperanza
Argentina no período de 13 a 17 de Abril de 2009)